O Brasil é um país com grandes dimensões e é integrado com inúmeras estradas, que são utilizadas diariamente por um grande volume de veículos. Porém para a construção e permanência dessas estradas é necessário fragmentar habitats que antes eram contínuos. É justamente essa fragmentação que é responsável pelo isolamento de plantas e animais em pequenas manchas isoladas de ecossistemas.
Os corredores ecológicos surgem, então, como uma forma de amenizar esse problema. Eles são uma forma de reintegrar os espaços que foram fragmentados anteriormente, promovendo a ligação de diferentes áreas, dessa forma, é possível promover o deslocamento de animais e a dispersão de sementes, aumentando, consequentemente, a área de cobertura vegetal e os habitats naturais dos animais.
No caso dos animais, sem os corredores ecológicos eles ficam restritos a uma área menor da ideal, o que aumenta a competição por alimentos e espaços, o que pode se tornar um problema e diminuir o tamanho da população de animais, devido à escassez desses elementos. Além disso, para achar outros habitats esses animais precisam cruzar espaços que geralmente não são ideias, o que pode gerar predação ou atropelamento, por exemplo, causando a morte de inúmeros indivíduos.
Já na questão das plantas, o que acontece é que a dispersão e propagação são prejudicadas, ou seja, essas espécies não conseguirão achar outros ambientes favoráveis, e ficarão sempre em um habitat delimitado, aumentando assim a competição, e dificultando a polinização e a dispersão das espécies.
Os corredores ecológicos atuam então, como uma forma segura dos animais se deslocarem, evitando acidentes e mortes, e promovendo a distribuição das populações e o fluxo de espécies. E com o aumento do fluxo dos animais a dispersão das sementes e a polinização também irão aumentar, o que permite que as plantas passem a ocupar novos espaços. Além disso, eles também são importantes para recolonizar áreas que foram degradadas anteriormente.
O conceito de corredores ecológicos foi criado na década de 90 e foi considerado como uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade, porém ele só foi reconhecido e oficializado pelo Ministério do Meio Ambiente anos depois. Atualmente, no Brasil, foram reconhecidos apenas dois corredores, o Corredor Capivara-Confusões, que conecta o Parque Nacional da Serra da Capivara ao Parque Nacional da Serra das Confusões, e o corredor Corredor Caatinga, cuja área engloba 8 unidades de conservação entre os estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe.
Júlia Seixas.